Bagan, a incrível cidade das ruínas no Mianmar

Cidade das belíssimas e milenares ruínas e templos, Bagan é um dos lugares mais visitados por turistas que escolhem o Mianmar como opção aos badalados países vizinhos do sudeste asiático.

Com uma cultura ainda bastante intocada, Bagan preserva a essência de toda a sua história aliada à felicidade e gentileza do povo do Mianmar. Agora junte isso a cenários deslumbrantes em que você pode acompanhar o nascer ou pôr do sol sobre as ruínas da velha cidade.

Ainda não sabe o que ver e quando ir à Bagan? Nesse post falaremos de uma maneira clara e sucinta exatamente o que você precisa saber antes de visitá-la.

Como Chegar a Bagan

A maneira mais rápida e conveniente de chegar a Bagan é através de um voo até o aeroporto de Nyaung U, na região de Mandalay. Apesar de ser em cidades com nomes diferentes, esse aeroporto é mais próximo da cidade velha de Bagan do que parece. Ele é pequeno e tem um número limitado de voos. Se você vem do exterior direto a Bagan fará uma conexão em alguma cidade (provavelmente Yangon) e depois virá para cá.

Nós chegamos de ônibus noturno saindo de Yangon. Pegamos o ônibus por volta de 20 horas e chegamos na rodoviária de Bagan às 5 horas da manhã (9 horas de viagem). Pra essa viagem pagamos 10800 kyats por pessoa (cerca de 28 reais na cotação de hoje) na empresa Elite Express. Compramos o ticket em uma agência próximo ao estádio em Yangon.

Ônibus da Elite Express, empresa que pegamos de Yangon a Bagan

Os ônibus são novos, os funcionários são gentis, as poltronas são grandes e confortáveis e eles oferecem ainda uma garrafinha de água e um kit dental durante a viagem. Sugiro só que leve um desse travesseiros de pescoço (usados mais em avião). isso vai te poupar de uma dorzinha no dia seguinte. Mas de um modo geral a viagem foi muito boa.

Chegando em Bagan você vai se deparar com vários taxistas te oferecendo tour para ver o nascer do sol ou só te levar ao hotel. Como tínhamos 3 noites na cidade, fomos direto ao hotel e ele cobrou 10 mil kyats (cerca de 26 reais na data desse post). Nesse caso não quis negociar.

No trajeto ele passou por uma espécie de posto de entrada da cidade onde um funcionário tirou uma foto nossa e cobrou a taxa de entrada que é de 25 mil kyats (cerca de 65 reais) por pessoa. Logo após ele imprimiu um ticket válido por 5 dias. Essa cobrança é feita para qualquer estrangeiro que visite Bagan. É uma maneira que o governo encontrou de monetizar a visita a essa e a outras cidades históricas. Acredita-se que o valor seja revertido para a preservação do local. E, segundo uma longa pequisa que fizemos antes de chegar à cidade, não há como entrar na cidade por vias comuns sem pagar.

Voltando ao ticket impresso, guarde-o muito bem porque ele será cobrado na entrada dos principais templos e pagodas da cidade velha. Alguns hotéis também verificam se você tem. O nosso não nos cobrou.

Onde se Hospedar em Bagan

A cidade tem poucas vias e os restaurantes servem comidas tradicionais do Mianmar em sua grande maioria, portanto não um local exato que você possa se hospedar buscando estar perto de tudo.

Existem sim algumas opções bem no centro de onde os templos se encontram. Algumas delas você pode sair e ir caminhando para visitá-los. No entanto, acreditamos que esse tipo de ocupação é um pouco invasiva para um lugar tão importante para a história. Então, assim como não recomendamos qualquer tipo de tour ou atração que envolva animais, também achamos que se hospedar em locais como esse a gente estará incentivando um tipo de turismo que não é sustentável.

Além disso, há planos que até o ano de 2028 o governo tenha retirado todos os hotéis da área da velha Bagan, que é onde se encontram os templos. Portanto, dependendo da época que você está lendo esse post, talvez seu hotel nem esteja mais lá.

Nós sempre buscamos, além de algumas características básicas, um local bem sossegado e fácil de chegar e sair. Claro, com o máximo de conforto possível, como ar condicionado, banheiro privado e água quente. Outra coisa que você precisa ter muita atenção é se o hotel tem gerador, já que o Mianmar possui constantes quedas de energia por todo o país.

Felizmente encontramos um local que superou todas as nossas expectativas e nos fez ter uma experiência muito mais agradável em Bagan.

Nós nos hospedamos no Bagan Star Hotel, uma acomodação próxima de alguns restaurantes, supermercados, locadoras de motos e a poucos minutos dos templos históricos.

Bagan Star Hotel
Bagan Star Hotel, em Bagan

O café da manhã é variado e você pode escolher entre pratos ocidentais e locais. Um detalhe a se mencionar é que a Si estava com diarreia e não podia comer muitas coisas. A funcionária percebeu e ofereceu uma sopa que nem estava no cardápio e que parece uma canja de galinha (congee soup). Mais uma vez provando que a gentileza é característica forte do povo do Mianmar.

Café da manhã delicioso no Bagan Star Hotel
bagan star hotel
Bagan Star Hotel

O hotel é super novo e possui uma estrutura excelente. Além disso o gerente nos garantiu que em pouco tempo uma bela piscina será instalada no meio desse gramado, então é provável que você esteja lendo esse post e ela já esteja lá.

Para conhecer e fazer uma reserva no Bagan Star Hotel use o link abaixo. Você irá acessar o site do Booking.com com tarifas exclusivas e não pagará nada a mais por isso.

Bagan Star Hotel

O que fazer em Bagan

É fato que quem viaja a Bagan vai em busca de atrações que sempre envolvem as famosas ruínas da cidade velha. Mas saber por onde começar e o que realmente ver pode te poupar um tempo e dinheiro também.

Transporte

Sim, o transporte não é exatamente o que fazer em Bagan, mas é bom levar esse tópico em consideração para que você consiga chegar nos principais pontos facilmente. Existem opções táxis, tuk tuks, carroças, bicicletas, tours e scooters que você pode usar para se locomover pela cidade.

Se for usar algum tour você vai pagar o valor proporcional a isso. ou seja, como é um serviço mais focado e exclusivo os valores costumam ser maiores. O mesmo vale para os táxis e, depois deles, os tuk tuks.

Para opções mais econômicas e que te dão uma grande liberdade, nós sugerimos usar uma bicicleta ou uma scooter elétrica (e-bike), que foi a que usamos.

Moto elétrica em Bagan, Mianmar. Com uma dessa você roda facilmente o dia todo
Local onde alugamos a moto elétrica

Alugamos uma no início da avenida principal em um local chamado Signature. Como não tem no Google maps, deixo aqui uma localização média de onde fica: signature. A dona é uma senhora bastante gentil e solícita. A diária dessa moto elétrica começa às 5 horas da manhã para que você consiga ver o nascer do sol, e termina às 20 horas para que você veja o pôr do sol também. O valor foi de 5 mil kyats (cerca de 13 reais) e a melhor parte é que não é necessário deixar seu passaporte como garantia, como é feito em outros países no sudeste asiático.

Pilotamos por algumas horas, desde as 5 horas da manhã, e a bateria ainda estava cheia quando entregamos às 8 da noite. Ou seja, vale muito a pena se locomover dessa maneira em Bagan.

Passeio de Balão

Realmente tínhamos interesse em fazer esse passeio, mas viemos à Bagan na época de monções, ou seja, quando chove forte quase todos os dias. É considerada baixa temporada e os ventos são fortes demais, por isso os balões não decolam nessa época.

Caso você queira muito fazer esse passeio, ele ocorre entre os meses de outubro e abril, que é considerada a alta temporada, O valor médio por pessoa é de 330 dólares e pode ser contratado diretamente em umas das várias agências pela cidade.

Nascer e pôr do sol

Nós alugamos uma scooter elétrica às 5 horas da manhã e partimos direto para ver o sol nascer em um ponto criado especificamente para isso.

Sol nascendo em Bagan, Mianmar
Sol nascendo em Bagan, Mianmar

Talvez você tenha visto inúmeras fotos de blogueiros e relatos de pessoas que tiravam fotos de cima dos templos para registrar esses momentos, no entanto essa prática não é permitida. Por isso foi criado uma espécie de ponto de observação de onde você pode apreciar todo o espetáculo se espremendo em algumas dezenas de turistas. Bem no estilo “foto de internet x realidade”…

Vendo o sol nascer em Bagan

Além disso, nesse ponto a visão do nascer do sol é bem limitada porque ficam árvores cobrindo os templos no horizonte e a vista ainda se mistura com os ônibus de grupos de chineses que ficam estacionados bem ali em frente.

Para tirar fotos bonitas e sem esses pontos que poluem a visão você vai ter usar bem a criatividade e ter um bom enquadramento. Fique tranquilo (a) que não é nada excepcional a ser feito para ter esse resultado.

Por conta dessa experiência logo cedo, preferimos apreciar bem os templos durante o dia e deixar o pôr do sol de lado. Mas em parte também por a Si, como citei, não estava bem. A melhor decisão foi escolher alguns templos e descansar bastante no hotel depois.

Os templos e as ruínas de Bagan

São mais de 2 mil opções de templos e pagodas para você escolher. Parece muito, né? E é sim!

A não ser que você tenha bastante tempo disponível e que se interesse em aprofundar os estudos na cultura local e / ou budista, é mais do que necessário escolher previamente os locais que você deseja conhecer.

Templo Ananda, em Bagan

Selecionamos alguns e fomos seguindo pela avenida principal em direção a eles. Sempre acompanhando o trajeto pela marcação que fizemos no Google Maps. Faça isso pela manhã e você não dividir os espaços com muitos turistas. Se deixar para a tarde vai se deparar com dezenas de ônibus trazendo grupos de chineses para os templos.

Pagoda Shwezigon
Templo Bulethi

Caso queira ir nos mesmos que fomos, segue a lista abaixo. É só procurar no Google maps e ir traçando o trajeto até eles. E, claro, lembre-se de salvar o mapa offline de Bagan no Google Maps antes de sair do hotel. Dessa maneira você vai conseguir se localizar com facilidade sem precisar de internet.

  • Anada
  • Bulethi
  • Shwezigon
  • Myauk Guni
  • Shwesandaw pagoda
  • Thatbyinnyu
  • Gawdawpalin
  • Shwegu Gyi Phaya
  • Bu Paya
  • e mais algumas stupas e ruínas ao longo do caminho.

Considerações sobre Bagan

A cidade de Bagan é um ponto muito importante para quem visita o Mianmar. Dona de histórias e templos milenares, a cidade encontra-se em uma posição delicada, numa região quase desértica e suscetível a fortes abalos sísmicos. Mas nada disso é motivo para você deixar de conhecer a cidade dos belíssimos nascer e pôr do sol sobre as ruínas históricas e instigantes.

Pai e filho no templo Shwezigon, em Bagan

Antigamente, quando a cidade ainda era conhecida como Pagan, a capital dos reinos, a quantidade de templos e ruínas beirava os 5 mil. Hoje, por conta da deterioração, má conservação e causas naturais, estima-se que esse número tenha sido reduzido a 2,300. A parte boa é que, depois de mais de 20 anos tentando ser reconhecida pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade, finalmente Bagan conquistou esse título no mês passado, em julho de 2019.

Pilotando uma moto elétrica em Bagan

Como isso, a tendência para que a preservação desses locais históricos e do desenvolvimento do turismo sustentável seja cada vez maior. Há ainda o desenvolvimento do Mianmar como um todo, que há apenas 5 anos era um país muito fechado para a visita de estrangeiros. Hoje essa realidade tem se modificado cada vez mais com investimentos para que a população e todo o país se adequem aos visitantes.

Há ainda um estudo para que o visto, que é um dos mais caros do sudeste asiático (50 dólares) sofra uma alteração de valor ou revisão de necessidade para algumas nacionalidades.

Independente de quais sejam as decisões e ações futuras do governo, acreditamos que o momento perfeito para visitar o Mianmar é agora mesmo, enquanto você lê esse post. Estamos acompanhando uma transição de abertura de um país com uma cultura riquíssima e um povo muito amigável para o mundo.

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