Perder o voo: Um relato com dicas que podem te ajudar.

Se você tem pouca experiência quando o assunto é perrengue de viagem e como agir quando eles acontecem, algumas informações devem ser levadas em conta quando se está planejando tudo. Sendo no início ou no fim de sua jornada, perder um voo não é nada bacana e pode te dar muita dor de cabeça.

A primeira experiência desse tipo que passei foi quando estava terminando meu primeiro mochilão pela Europa. Meu voo saía do aeroporto Charles de Gauelle, em Paris, pela manhã. Eu iria fazer uma conexão de cerca de 2 horas no aeroporto de Heathrow em Londres, trocar de avião, e seguir direto ao Rio de Janeiro. Como já estava no fim da viagem, consequentemente o dinheiro já era pouco e a mochila já incomodava com o peso. Para não correr o risco de perder o voo, saí do hostel 3 horas antes da partida, peguei o trem e logo estava lá. O aeroporto parisiense é enorme, então eu já tinha feito um trajeto através do mapa para que eu não perdesse tempo. Mas quando cheguei lá ainda me perdi um pouco pois eles estavam fazendo algumas alterações nos locais de embarque.

Quadro de partidas e chegadasJá com o check in feito e dentro do avião da British, meu perrengue começou a se formar. O avião não partia e isso começou a me deixar preocupado, pois o meu tempo de conexão era muito curto. Os comissários de bordo, um português e uma espanhola muito simpáticos e sorridentes, faziam de tudo para entreter e distrair com os passageiros. Quando descobriram que eu era brasileiro, caíram em cima com várias histórias e piadas. Cheguei a esquecer do atraso do voo. Hahaha… Mas quando estávamos quase pousando pediram para ver meu bilhete e me aconselharam a procurar o serviço responsável pelas conexões da British.

Em Londres tentei fazer o check in até o Rio, mas o embarque já havia sido encerrado. Segui então para a fila que levava ao serviço da British, onde fui chamado para atendimento bem mais rápido do que imaginava. Todos eram muito educados. Desde os funcionários da companhia que se mostravam muito solícitos a ajudar, desde os passageiros que buscavam soluções para seus problemas. Mas para minha surpresa havia bem ao meu lado uma brasileira que gritava, chorava e fazia um drama grande por ter perdido o voo. No fim ela aceitou que fosse realocada até Paris, e de lá seguisse numa outra aeronave direto até o Brasil, pela Air France, mas sem custo adicional algum. Com relação ao meu problema, a funcionária que me atendia pedia desculpas a todo o momento pelo ocorrido, assumindo o erro da companhia, e ofereceu diversos horários e conexões para que eu escolhesse. Aceitei o voo que iria sair 12 horas depois, além de uma conexão em São Paulo. Por fim ela me entregou dois vouchers de 10 libras cada um, e que eu poderia usar em qualquer um dos restaurantes ou lanchonetes do aeroporto. Segui então para uma longa espera até conseguir embarcar novamente.

O aeroporto de Heathrow é tão grande quanto o Charles de Gaulle em Paris, e isso fazia com que eu tivesse grandes momentos de tédio durante a espera. Logo de início fui procurar um local para almoçar. Em território onde os preços são em libra esterlina e eu tinha pouco dinheiro, isso não foi uma tarefa muito fácil. Acabei escolhendo um restaurante chamado Giraffa, onde serviam pratos típicos de vários lugares do mundo e o preço era mais acessível. O ambiente era bonito e bem decorado, mas estava um pouco cheio. Pedi uma lasanha e uma água. Era o que dava para comprar com o voucher e saciar a fome. Depois de comer fui conhecer o aeroporto, afinal não havia muito o que fazer. As lojas eram bonitas como em qualquer outro lugar, mas a que achei mais em conta foi uma que vendia produtos de consumo rápido, desde livros e revistas, a sanduíches e bebidas. Comprei alguns chocolates e água e fui procurar um assento para descansar.

A internet no aeroporto é livre se usada por 1 hora. Após isso somente comprando mais tempo com o cartão de crédito. Como eu tinha o notebook e meu celular na mochila de mão, consegui usar por duas horas. Mas depois disso passou a ficar mais entediante pois ainda faltavam 8 horas para meu voo partir, então fiquei alternando esse tempo entre idas a outras lojas, a leitura de um livro e o jantar no mesmo restaurante. Tinha uma televisão bem escondida no hall principal que transmitia o canal de notícias. Fiquei por lá assistindo por um tempo também.

De olho sempre no quadro de horários, percebi que meu voo foi realocado para outra sala de embarque. É um pouco distante para ir caminhando, mas o acesso até lá é bem fácil com os trens que circulam dentro do próprio aeroporto. Chegando lá esperei por mais um tempo e fiz, enfim, meu check in. O avião era bem confortável e estava cheio de brasileiros. Assim, depois de 12 horas de espera, eu seguia para uma viagem de mais 12 horas com destino ao Brasil.

Em São Paulo tive atraso novamente pois meu voo demorou para ter o desembarque liberado. Isso fez com que eu perdesse a conexão mais uma vez, mas nesse caso o atendimento não foi tão bom quanto no aeroporto de Londres. As filas para informações eram gigantescas, e a falta de organização era visível. Demorei a encontrar alguém que me orientasse por ali, mas tive a sorte de encontrar um agente da Tam que logo conseguiu fazer meu check in em um voo disponível para 1 hora depois. Porém, mais uma vez, a decolagem teve atraso e fez com que eu chegasse no Rio de Janeiro bem no horário de rush, mas isso vou abordar em outro post. E finalmente cheguei em meu destino final depois de 1 dia e meio viajando, mas que na verdade deveria ter levado cerca de 16 horas, desde a saída de Paris. A parte boa é que nenhum centavo foi gasto a mais por isso.

Dicas básicas:

Tempo de antecedência que você deve chegar para efetuar o check in: para voos no território nacional o indicado é de pelo menos 1 hora de antecedência. Para voos internacionais o indicado é de, ao menos, 2 horas antes.

Me atrasei. E agora? A companhia vai te cobrar uma taxa referente a remarcação do voo. E além disso seu próximo embarque estará condicionado à disponibilidade de lugares na aeronave.

Informações: No aeroporto fique atento aos avisos em alto falante, e ao quadro que informa as chegadas e partidas. Se tiver alguma alteração no seu voo ela será mostrada ali. E com isso você terá também tempo suficiente caso precise ir até outro portão de embarque.

No guichê da companhia: Seja gentil e paciente com o funcionário da companhia aérea que está lhe atendendo, mas cobre os seus direitos com firmeza. Todos são orientados a nos informar que existe somente uma opção no caso de perda do voo, mas isso quase sempre é uma inverdade.

Direitos: no Brasil se os atrasos nos voos são maiores que 2 horas o passageiro tem direto a voucher de alimentação e a um telefonema. Se são superiores a 4 horas, tem direito a escolher também se quer ou não ser realocado em um voo de outra companhia. Na Europa e nos Estados Unidos esses direitos são adquiridos sem muita resistência.

Cancelamentos e atrasos por causa do clima: nos Estados Unidos são usados procedimentos já definidos com relação a isso, onde geralmente os passageiros são avisados com antecedência para terem opções de serem realocados em outros voos. É um país acostumado com grandes alterações climáticas, então não adianta tentar insistir caso não concorde com algo. Eles seguirão exatamente suas diretrizes. Já na Europa, assim como no Brasil, não há aviso com antecedência e os passageiros tem que arcar com custos relacionados à alimentação, estadia e transporte.

Bagagem de mão: no caso das conexões já pré-definidas na hora da compra do bilhete, as bagagens despachadas no voo de origem são levadas diretamente à outra aeronave. Por isso recomendo ter em sua bagagem de mão itens básicos como uma “muda de roupa”, algo para se alimentar em casos de muita espera, itens valiosos, um livro e, é claro seus documentos.

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